Dia 188 – Hebreus 05 – 07. Sacerdote segundo Melquisedeque.
03
de
Julho
de 2019
Em
nossa leitura de ontem, vimos que Jesus é nosso sumo sacerdote, hoje
continuaremos o raciocínio e observaremos mais alguns detalhes sobre
esse sacerdócio. A começar com a própria função sacerdotal, que
é oferecer sacrifícios a Deus em função dos homens (Hb 5.1),
vemos que Jesus encaixa-se nesse perfil de forma perfeita.
O
texto ainda no diz que a honra de ser sacerdote não é escolhida por
ninguém, antes são sacerdotes aqueles a quem Deus escolheu para
tal, com Arão (vs 4); dessa forma, Jesus não se fez sacerdote, mas
foi feito pelo Pai (vs 5); Jesus é sacerdote eterno, segundo a ordem
de Melquisedeque (vs 6)
Essa
referência que lemos a Melquisedeque, é uma citação direta do
Salmo 110, verso 4; este é um Salmo messiânico, ou seja, um salmo
profético sobre o Messias. O próprio Jesus admite isso ao afirmar
que o Salmo fala do Cristo em seu discurso lido em Mateus (Mt 22.
42-45) quando cita o primeiro verso do Salmo.
Melquisedeque
é uma figura de Cristo, na Bíblia ele aparece sem genealogia, não
lemos sobre suas origens e nem sobre sua morte, é portanto uma
personagem “sem princípio nem fim” (Hb 7.3), igual o filho de
Deus que “É” antes da eternidade.
Melquisedeque
era um grande homem, pois recebeu o dízimo de Abraão, e o abençoou,
mostrando assim ser maior que ele (Hb 7.7). Ora, se Melquisedeque era
maior que Abraão, era portanto maior que toda a Israel e todos os
sacerdotes (Hb 7.5).
Logo,
se a perfeição do homem pudesse vir através da lei e do sacerdócio
da tribo de Levi, Deus não teria enviado Jesus como sacerdote
nascido em outra tribo (Hb 7.14); Jesus é sacerdote sim, mas de uma
outra ordem, pois, mudando-se o tipo de sacerdote, muda-se também a
lei (Hb 7.11-12)
Vale
lembrar que Melquisedeque é apenas uma figura de Cristo, e não o
próprio Jesus pré-encarnado; isso fica evidente ao lermos Hebreus
7.15, ali vemos que “E muito mais manifesto é ainda, se à
semelhança de Melquisedeque se levantar outro sacerdote”, a
expressão aqui traduzida como “outro”, é a palavra grega ἕτερος
– Réteros;
essa palavra significa “outro de uma substância diferente”, ela
é usada quando se quer falar de um “outro” que é de natureza
completamente diferente do primeiro. Logo, Jesus é um sacerdote de
natureza completamente diferente da de Melquisedeque, portanto não
podem ser a mesma pessoa.
Jesus
portanto é sacerdote, e sacerdote eterno, porque diferente dos
demais sacerdotes que morreram e por isso não puderam mais exercer a
função, Jesus ainda vive e dessa forma pode exercer seu sacerdócio
perpétuo (Hb 7.24-24).
Sendo
Jesus um outro sacerdote e cumprindo a Lei, a Lei torna-se ab-rogada,
isso é cancelada, deixada de lado, sem efeito; isso não é algo
ruim, afinal a lei nunca pode aperfeiçoar a ninguém (Hb 7. 18-19).
A lei constituiu sacerdotes aqueles que eram descendência de Arão,
Jesus foi constituído pela promessa de Deus a Abraão, algo muito
anterior a Lei (Hb 7.28).
Abrimos
um parêntesis rápido para falarmos sobre o capítulo 6 de Hebreus;
ali encostramos alguns versos geradores de Polêmica. Ha quem entenda
que os versos 4 a 6 afirmem que é possível um cristão perder a
Salvação. Alguns pensam que esse verso está destinados aqueles que
ouviram a palavra e experimentaram manifestações do poder de Deus,
mas que nunca se converteram; outros
entendem que o que o autor fala aqui é um aviso aos crentes, algo
como “Depois de iniciar esse caminho, não tem mais volta”.
Não
nos determos nesse texto nesse momento; por questões de tempo,
teremos uma seção com alguns textos complexos ao final de nossa
leitura.
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